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terça-feira, 31 de dezembro de 2024

Longevidade, Desânimo e Sabedoria

Os avanços tecnológicos e da medicina têm permitido que vivamos mais tempo. Contudo, terá isso aumentado também a alegria de viver?

Segundo o IBGE, a expectativa de vida dos brasileiros vem subindo muito nos últimos 80 anos. O registro de 1940 é que um brasileiro tinha uma expectativa de vida de 45 anos! Hoje a expectativa é de 76 anos. Esse é um dado positivo. Significa que muitas das causas de morte “precoce” têm sido lidadas, principalmente com tratamentos de saúde melhores. No entanto, muito embora essa notícia deva ser comemorada, há um outro dado preocupante.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, em 2023 no Brasil quase doze milhões ou 5,8% da população sofreram com depressão. Esse número é o maior das Américas, exceto pelos EUA. Ainda pior é o resultado de um estudo do Ministério da Saúde que indica que, nos próximos anos, esse número pode chegar à 15,5% da população. Apesar de estudos indicarem a pobreza ou desigualdade social como um dos fatores principais do surgimento da depressão, países nórdicos apresentam índices ainda maiores de sofrimento ou luta com depressão. Muito embora possa ser uma conclusão apressada, estamos vivendo mais, mas estamos mais tristes…

O tema depressão é amplo e certamente é resultado de uma somatória de fatores. Em termos leigos, depressão é uma doença onde a pessoa sente tristeza profunda e prolongada, se manifestando em perda de prazer ou alegria mesmo em atividades e relações pessoais. Um componente é o que chamamos popularmente de desânimo. Esses dias parei para refletir sobre o propósito da parábola da viúva insistente encontrada em Lucas 18.1-8. Me chamou a tenção que Lucas registrou o propósito da parábola assim: “Jesus contou aos seus discípulos a seguinte parábola, para mostrar-lhes que eles deviam orar sempre e nunca desanimar”.

Depressão é uma doença onde a pessoa sente tristeza profunda e prolongada, se manifestando em perda de prazer ou alegria mesmo em atividades e relações pessoais.

Jesus destaca, junto à exortação de orar sempre, que nunca devemos desanimar. Fiz uma pesquisa rápida e descobri que a mesma palavra no original é usada mais cinco vezes no Novo Testamento, todas elas por Paulo (2Coríntios 4.1 e 16, Gálatas 6.9, Efésios 3.13 e 2Tessalonicenses 3.13). Em todas estas, a exortação é a mesma: “Não desanimemos”! 

Em quatro dessas passagens o estímulo para não desanimar está ligado tanto a um chamado para servir como a frutos eternos de nossos esforços. Destaco aqui a passagem de Gálatas 6.8-9:

“Quem semeia para a sua própria carne, da carne colherá destruição; contudo, quem semeia para o Espírito, do Espírito colherá a vida eterna. Não nos cansemos de fazer o bem, pois no tempo próprio colheremos se não desistirmos.”

Aqui Paulo nos exorta a continuarmos fazendo o bem, definido no versículo anterior como semearmos segundo o Espírito, pois colheremos frutos. Por isso não devemos desanimar. 

Em outra oportunidade, Paulo escreve em 1Coríntios 15.58: “Portanto, meus amados irmãos, mantenham-se firmes e inabaláveis. Sejam sempre dedicados à obra do Senhor, pois vocês sabem que, no Senhor, o trabalho de vocês não é inútil”. A Bíblia, portanto, parece deixar claro uma ligação direta entre desânimo e resultados positivos ou “frutos”.

Caso eu busque resultados ou frutos deste mundo, terei de encarar o fato de que estes são passageiros.

O problema dos dados apresentados no início deste texto é que, caso eu busque resultados ou frutos deste mundo, terei de encarar o fato de que estes são passageiros. Mesmo que eu acumule riquezas e fama, mais cedo ou mais tarde eu partirei e deixarei tudo para trás. Por isso importa ouvir as palavras de Moisés em Salmos 90.10-12:

“Os anos da nossa vida chegam a setenta, ou a oitenta para os que têm mais vigor; entretanto, são anos difíceis e cheios de sofrimento, pois a vida passa depressa, e nós voamos! Quem conhece o poder da tua ira? Pois o teu furor é tão grande como o temor que te é devido. Ensina-nos a contar os nossos dias para que o nosso coração alcance sabedoria.”

Mesmo com uma expectativa de vida maior, sem o temor de Deus a vida é difícil e cheia de sofrimento (canseira e enfado em outra versão). Diante disso, Moisés pede que Deus nos ensine a contar nossos dias. Creio que o significado é considerar ou meditar sobre nossos dias. O resultado de considerarmos ou pensarmos sobre nossa vida e seus limites deve nos conceder um coração sábio. Dessa forma, meu irmão ou irmã, minha oração não é por mais tempo de vida, mas por uma vida em que possamos buscar um coração sábio, investindo em frutos eternos! 

  • Daniel Lima

    Daniel Lima (D.Min., Fuller Theological Seminary) serviu como pastor em igrejas locais por mais de 25 anos. Também formado em psicologia com mestrado em educação cristã, Daniel foi diretor acadêmico do Seminário Bíblico Palavra da Vida (SBPV) por cinco anos. É autor, preletor e tem exercido um ministério na formação e mentoreamento de pastores. Casado com Ana Paula há mais de 30 anos, tem quatro filhos, dois netos e vive no Rio Grande do Sul desde 1995. Ele estará presente no 26º Congresso Internacional Sobre a Palavra Profética, organizado pela Chamada.

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