João 19.28-30 relata: “Depois, vendo Jesus que tudo já estava consumado, para se cumprir a Escritura, disse: Tenho sede! Estava ali um vaso cheio de vinagre. Embeberam de vinagre uma esponja e, fixando-a num caniço de hissopo, lha chegaram à boca. Quando, pois, Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado! E, inclinando a cabeça, rendeu o espírito”.
Essas últimas palavras de nosso Senhor – “Está consumado!” – poderiam ser traduzidas por: “Está concluído!”, “Está feito!”, “Acabou!” Partindo das últimas palavras de Jesus, vamos pensar um pouco mais sobre o sentido delas.
Está consumado, a obra está concluída!
Quando Jesus Cristo morreu na cruz do Gólgota, estava concluída a maior obra já iniciada nesta terra. Foi uma obra tão infinitamente grande – e acima de tudo tão difícil –, que deixava Jesus muito angustiado antes mesmo de começar. Quando todo o caminho de sofrimentos ainda se encontrava à Sua frente, Ele falou as comoventes palavras: “Eu vim para lançar fogo sobre a terra e bem quisera que já estivesse a arder. Tenho, porém, um batismo com o qual hei de ser batizado; e quanto me angustio até que o mesmo se realize!” (Lc 12.49-50).
Jamais deveríamos nutrir a concepção errônea de que foi algo fácil para o Filho de Deus começar essa grande obra de salvação aqui na terra – e principalmente finalizá-la plenamente. Quando Jesus falou sobre o grão de trigo que deve morrer antes de produzir frutos, confessou abertamente: “Agora, está angustiada a minha alma...” (Jo 12.27).Angustiada, abalada, consternada estava a alma de nosso querido Salvador ao pensar no que iria enfrentar.
É estranho que Ele tenha se expressado dessa forma? Não. Bem antes da cruz Ele já sofria indizivelmente. A luta no Getsêmani custou muito suor, lágrimas e até gotas de sangue ao nosso Senhor. Ali Ele foi tomado de uma agonia tão grande que sentiu angústias de morte, literalmente. E pensemos ainda na Sua condenação e em tudo o que fizeram com Ele antes de morrer. Teve de suportar a terrível flagelação romana, um sofrimento que muitos condenados nem suportavam e morriam ainda antes da execução. Foi colocado um manto púrpura sobre Seus ombros machucados e uma coroa de espinhos em Sua cabeça. Essa coroa de espinhos não foi depositada gentilmente, mas com força bruta que fez o sangue jorrar. Apanhou com uma vara, que enterrou ainda mais os espinhos da coroa em Sua cabeça. E a própria execução, na cruz, ainda nem havia começado!
Precisamente com este propósito vim para esta hora. Pai, glorifica o teu nome...
Essa cruz era tão terrível, a escuridão tão profunda, as dores tão infernais, a sede tão insuportável, a solidão tão excruciante que o coração do martirizado Cordeiro de Deus clamou ao Pai: “Tu, Senhor, não te afastes de mim; força minha, apressa-te em socorrer-me. Livra a minha alma da espada, e, das presas do cão, a minha vida. Salva-me das fauces do leão e dos chifres dos búfalos; sim, tu me respondes”. Esse é o Salmo 22, um salmo profético que fala do sofrimento do Messias, especialmente nos versículos 19-21, onde esse clamor do Cordeiro de Deus já transparece antecipadamente.
Não devemos pensar, contudo, que em algum momento nosso Salvador tenha perdido o juízo ou tentado se desviar do caminho de sofrimentos que esperava por Ele. Jesus explicou em João 12.27-28: “Agora, está angustiada a minha alma, e que direi eu? Pai, salva-me desta hora? Mas precisamente com este propósito vim para esta hora. Pai, glorifica o teu nome...”. Em momento algum Jesus tentou desistir. Seu propósito era consumar a obra que Lhe estava destinada. O caminho era indizivelmente doloroso, a angústia era enorme, mas Ele seguiu Seu rumo até a morte, e morte de cruz. Das profundezas de sua tortura Ele conseguiu dizer: “Está consumado!” Sim, a obra estava concluída, de uma vez por todas. Consumá-la exigiu um altíssimo preço, mas Jesus agüentou até o amargo fim e realizou-a plenamente.
Está consumado, a tarefa foi cumprida
Com a morte de nosso Salvador na cruz do Calvário estava cumprida a mais grandiosa missão jamais entregue a alguém. Nosso Senhor morreu como Filho de Deus na cruz, mas como homem legítimo suportou toda a tortura envolvida no cumprimento de Sua incumbência. O tempo passava, hora após hora, e Ele se mantinha firme, padecendo as dores mais cruéis para cumprir a maior e mais difícil tarefa jamais imposta a algum homem sobre esta terra.
O Filho de Deus foi incumbido da difícil tarefa de salvar a humanidade ainda antes da fundação do mundo. Quem já existia antes da fundação do mundo? Deus, o Pai. E quem mais? Ninguém menos do que o Filho de Deus, Jesus Cristo. Miquéias, ao anunciar a vinda do Messias, diz que Suas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade (Mq 5.2). Nosso Senhor já existia antes da criação do mundo. Naquele tempo, um profundo amor caracterizava a comunhão entre Pai e Filho. Na Oração Sacerdotal o próprio Jesus disse a Seu Pai: “tu me amaste antes da fundação do mundo” (Jo 17.24).Quando ainda não havia nada do que viria a ser criado, o Pai e o Filho já existiam, ligados em um amor imenso. Nesse tempo o Filho foi encarregado da mais árdua tarefa de todos os tempos. Ele, o mais amado do Pai, foi feito Cordeiro de Deus. Apocalipse 13.8 explica que Ele “foi morto desde a fundação do mundo”.
Nesse ponto somos confrontados com um contraste muito forte: por um lado, o Pai ama Seu Filho acima de tudo. Mas, por outro lado, é justamente esse Filho o predestinado ao matadouro, para vir a ser o Cordeiro de Deus. É assim que se expressa o amor de um pai por seu filho? Ainda antes da fundação do mundo aconteceu mais um fato que alvoroçaria de forma indescritível tanto o céu como a terra. Esse evento tinha um vínculo muito próximo com a grande e pesada tarefa de Jesus Cristo. Paulo a descreve assim: “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo... como nos escolheu antes da fundação do mundo... e, em amor, nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo...” (Ef 1.3-5). Antes da fundação do mundo Deus o Pai, em Seu insondável amor, já decidira que nós, pessoas deste mundo, nos tornaríamos filhos Seus! Mas para que isso viesse a se concretizar, alguém tinha de cumprir uma tarefa imensamente pesada e árdua: expiar os pecados que todos nós cometemos.
Sem expiação jamais poderíamos clamar “Aba, Pai!” (veja Romanos 8.15). Nós mesmos jamais poderíamos realizar essa tarefa, pois expiar pecados diante do Deus santo significa morrer. E dessa forma jamais teríamos nos tornado filhos de Deus, uma vez que teríamos morrido por causa dos nossos pecados. Portanto, alguém teve de morrer em nosso lugar para expiar nossa culpa, alguém que não tivesse pecado e não precisasse ser castigado por seus próprios pecados. E existe somente um, no céu e na terra, que preenche esse requisito, e este alguém é o amado e único Filho de Deus, Jesus Cristo.
Não é de admirar que Pedro tenha exclamado cheio de júbilo: “sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram, mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo, conhecido, com efeito, antes da fundação do mundo, porém manifestado no fim dos tempos, por amor de vós” (1 Pe 1.18-20).
Antes da fundação do mundo o Pai amava seu Filho primogênito, Jesus Cristo. E antes da fundação do mundo nós também fomos escolhidos para sermos filhos de Deus; o reino do Pai foi preparado para nós, os herdeiros. E antes da fundação do mundo o amado primogênito foi eleito para cumprir a mais difícil de todas as tarefas: morrer como Cordeiro de Deus na cruz do Calvário – em nosso favor.
Diante de uma obra de salvação tão maravilhosa, só nos resta expressar toda a nossa adoração, nossa admiração e nossa gratidão. Como foi que nosso Senhor e Salvador reagiu quando confrontado com a tarefa que iria lhe custar a vida de uma forma tão horrível? Sua reação foi quase inacreditável: “Então, eu disse: eis aqui estou, no rolo do livro está escrito a meu respeito; agrada-me fazer a tua vontade, ó Deus meu; dentro do meu coração está a tua lei” (Sl 40.7-8). “Disse-lhes Jesus: A minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou a realizar a sua obra” (Jo 4.34). “Porque eu desci do céu, não para fazer a minha própria vontade, e sim a vontade daquele que me enviou” (Jo 6.38). É impressionante ver que o Filho amado do Pai demonstrasse tamanha disposição de se tornar o Cordeiro de Deus! Jesus Cristo morreu na cruz do Gólgota cumprindo a mais difícil tarefa de todos os tempos. E hoje todos nós podemos testemunhar com muita alegria: A tarefa está cumprida! Está consumado!
Está consumado, a luta terminou!
A obra está consumada! A tarefa está cumprida! A luta do Cordeiro de Deus já passou, definitivamente! O que isso deve ter significado para o Senhor no momento em que falou:“Está consumado!”? Como Ele deve ter se sentido quando chegou ao final de Sua dolorosa e cruenta jornada e Sua luta chegou ao fim? Com nossa mente limitada nem conseguimos compreender esse grandioso fato. Mas sem dúvida houve triunfo imenso nos céus quando o Cordeiro de Deus venceu no Gólgota. O próprio Jesus Cristo havia explicado que haveria muita alegria entre os anjos de Deus por um pecador que se arrepende (Lc 15.10). Quanto maior deve ter sido a alegria dos céus, quanto mais grandioso deve ter sido o júbilo quando o Cordeiro de Deus retornou como herói triunfante!
Percebemos um pouco desse triunfo no novo cântico que os vinte e quatro anciãos entoam em honra ao Cordeiro de Deus: “Digno és de tomar o livro e abrir-lhe os selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação” (Ap 5.9).
Qual é o objeto do grande triunfo de nosso Senhor? Qual é seu despojo de vitória? Apocalipse 5.9 responde muito bem a essas perguntas quando posto lado a lado com o versículo 10: “e para o nosso Deus os constituíste reino e sacerdotes e reinarão sobre a terra”. O grande triunfo de nosso Senhor, aquilo que fazia Sua vitória tão magnífica, tão grandiosa e tão incomparável, somos nós. Nós somos Seu triunfo, nós somos Sua recompensa, a parte que Lhe cabe por direito!
Nós somos a recompensa pelas Suas dores indizíveis. Você faz parte dos comprados pelo sangue do Cordeiro?
Mas tem ainda mais: Nós somos a recompensa pelas Suas dores indizíveis:“Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito; o meu Servo, o Justo, com o seu conhecimento, justificará a muitos, porque as iniqüidades deles levará sobre si” (Is 53.11). Por ter se empenhado, Ele verá o fruto e receberá a plenitude, que é a multidão de pessoas que têm a vida eterna por meio de Sua morte. Sim, a luta findou, o Cordeiro venceu, Sua recompensa é imensa.
Você faz parte?
Você faz parte dos comprados pelo sangue do Cordeiro? Você é parte da recompensa que o Salvador recebeu por Suas dores indescritíveis? A morte dEle já se tornou vida para você? Por favor, entenda bem o que aconteceu lá no Gólgota: Cristo morreu por você, por você pessoalmente. Ele morreu porque o Pai celestial lhe ama a ponto de entregar Seu amado Filho à morte (Jo 3.16).
Você já foi até Jesus com toda a sua carga de pecados? Quando Jesus exclamou “Está consumado!”, uma anistia geral foi proclamada a todas as pessoas do mundo inteiro. A partir desse momento qualquer pessoa, por mais ruim, pecadora ou suja que esteja, pode vir a Jesus e receber dEle a garantia de estar liberta para todo o sempre! Essas duas últimas palavras de Jesus na cruz do Gólgota são capazes de transformar pobres pecadores, pecadores perdidos e imundos, em filhos de Deus perdoados e felizes. Diante dessas palavras magníficas, diante de todo o profundo significado que elas representam, eu pergunto: você está salvo hoje e por todo o sempre?
Você pode testemunhar e confessar que essas duas palavras transformaram completamente a sua vida? Quando Jesus declarou “Está consumado!”, Sua luta tinha chegado ao fim. E você? Sua luta também já terminou? Você também pode exclamar com júbilo “Está consumado!” e refugiar-se no Salvador. Ele sofreu por você, Ele sangrou por você, Ele lutou por você. Nele você encontra a paz. Ele espera por você. Sua obra está consumada! A tarefa está cumprida! A luta já passou! Agora o céu está aberto para cada um de nós! (Marcel Malgo - Chamada.com.br)