É verdade que os sentidos são úteis porque por meio deles recebemos a Palavra de Deus. “A fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus” (Rm. 10.17). Uma vez gerada em nós, a fé passa a ser o fator dominante na nossa relação com o Senhor. O mais importante não é o que vemos ou o que sentimos, mas o que cremos com base na Palavra de Deus. Está escrito: “O justo viverá pela fé.” (Hb. 2.4.) Nossa vida não pode ser conduzida exclusivamente pelos sentidos físicos, pois eles estão sujeitos ao engano. O mal está por toda parte e, muitas vezes, se apresenta com boa aparência (2Co. 11.13-14). É o lobo com pele de cordeiro (Mt. 7.15). Podemos comparar essa realidade àquele episódio, quando Jacó se cobriu com a pele de um animal para se fazer passar por seu irmão Esaú. Os sentidos físicos de Isaque foram enganados, principalmente porque um deles, a visão, já não funcionava (Gn. 27).
No episódio da tentação, Eva ouviu a voz do Inimigo; ficou deslumbrada ao ver o fruto proibido e acabou tocando nele e comendo-o. Seus sentidos foram atraídos e dominados pelo mal (Gn. 3). Temos a tendência de viver dependendo daquilo que sentimos ou vemos. Quando estamos diante de algo com aparência grandiosa, ficamos impressionados e isso pode afetar indevidamente nossa espiritualidade. Por isso é que as imagens de ídolos e as grandes catedrais são tão importantes em algumas religiões. Em alguns casos, as chamadas artes sacras são usadas na tentativa de se preencher o vazio de uma doutrina mentirosa. Qualquer estátua que se fabrique, tendo qualidade artística, será facilmente aceita como objeto de culto, ainda que não represente uma pessoa real. Os discursos eloqüentes também podem exercer uma influência muito forte, mesmo que a sua mensagem seja uma heresia.
A visão e a audição despertam nossas emoções e isso pode ser confundido com experiência espiritual. A fé na palavra de Deus é a base sólida de uma espiritualidade sadia Fé não é sentimento. É certeza, convicção. Por meio dela, nosso espírito tem acesso a Deus e ao mundo espiritual. Observemos a firmeza da fé nas palavras do apóstolo: “Sabemos que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus...” (Rm. 8.28). Paulo não disse: sentimos ou vemos, mas sabemos. É algo claro, concreto e inabalável. Se Deus disse algo, nós sabemos que isso é realidade. Não dependemos de sentir ou ver alguma coisa. Quando Jó estava mergulhado em sua tribulação, ele disse: “Eu sei que o meu Redentor vive e que por fim se levantará sobre a terra.” (Jó 19.25.) Se Jó fosse depender de seus sentidos e sentimentos, estaria perdido.
Emoções controladas pelo espírito.
Com tudo isso, não estamos desvalorizando as emoções humanas, mas apenas colocando-as nos seus devidos lugares. Vivendo pela fé, o Espírito Santo age em nosso espírito, que muitas vezes alcança nossa alma produzindo emoções. Um dos aspectos do fruto do espírito é a alegria (Gl. 5.22). Esta não depende de estímulos externos, mas vem de dentro para fora, até mesmo em meio às tribulações. Os sentimentos não podem ser ignorados, mas não podemos ser controlados por eles. Assim como os sentidos físicos, as emoções são importantes na experiência espiritual, mas não são determinantes. Quem vive movido por sentimentos será uma pessoa instável e sempre desconfiada em relação às coisas de Deus. Nossa filiação divina, o perdão dos nossos pecados, a certeza de vida eterna e a posse dos nossos direitos espirituais não dependem daquilo que sentimos, mas da Palavra de Deus, que é fiel e não pode mentir. Devemos encarar tudo isso como fatos espirituais consumados. Nosso compromisso e fidelidade ao Senhor também não podem depender de sentimentos. Não seremos movidos pelo entusiasmo nem detidos pelo desânimo. Estamos determinados a continuar nosso trabalho até o fim. Emoções negativas podem ser ameaçadoras, mas iremos apresentá-las ao Senhor em oração para que ele as controle pelo seu Espírito. Vivendo pela fé seremos firmes. “Os que confiam no Senhor são como os montes de Sião, que não se abalam, mas permanecem para sempre.” (Sl. 125.1.) Amem!
Igreja Batista Fogo Sobre as Naçoes
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