À medida que os fiéis crescem em número, Pequim intensifica a repressão que é ampla e profunda.
Em 4 de junho de 1989, os fiéis da China passaram a viver sob uma nova condição, enquanto o governo chinês massacrava milhares de manifestantes pró-democracia na Praça Tiananmen, em Pequim, líderes do Partido Comunista criavam estratégias para aumentar o controle sobre a religião.
Os grupos cristãos foram obrigados a se registrar em associações “patrióticas” do Estado ou a viver sob o risco de punição como “cultos do mal”.
Ansiosa por manter o acesso aos mercados ocidentais, Pequim aplicou seletivamente essas regras nas grandes cidades. A clandestinidade cristã rural suportou o peso do fechamento de igrejas e do aprisionamento em massa de seus membros em campos de trabalho forçado.
Apesar disso, o cristianismo chinês ainda experimentou um crescimento espetacular nos 30 anos seguintes.
Segundo reportagem do Wall Street Journal, hoje pode haver mais de 100 milhões de cristãos chineses. Todos, com exceção de 36 milhões, praticam sua fé fora do controle do governo.
O sociólogo de Purdue, Fenggang Yang, projetou que a China poderá ter quase 250 milhões de cristãos até 2030. O Partido Comunista fala em 90 milhões de pessoas.
Restrições religiosas
Em 2018, o presidente Xi Jinping começou a aplicar as normas religiosas para conter o crescimento da igreja e a adaptar a crença cristã aos ditames do partido. Ele colocou o controle direto das igrejas ao oficialmente ateu Partido Comunista.
Com essa postura, algumas megaigrejas subterrâneas urbanas foram fechadas. Milhares de fiéis foram presos e vários pastores protestantes proeminentes receberam longas sentenças de prisão.
No início de Maio, o regime lançou uma campanha nacional para erradicar as igrejas não registradas.
O presidente Xi chama essa política de “sinicização”. O objetivo é tornar as religiões instrumentos do Partido Comunista, que fazem propagada ao lado de materiais religiosos das igrejas.
O governo confirmou isso quando inadvertidamente postou documentos internos, baixados pela ChinaAid, uma organização cristã de direitos humanos sem fins lucrativos, revelando que pretendia “conter o crescimento superaquecido do cristianismo”.
No ano passado, na província de Henan, 10.000 igrejas protestantes foram condenadas, embora a maioria tenha sido registrada no estado. Durante 2018, mais de um milhão de cristãos foram ameaçados ou perseguidos e 5.000 presos.
Entre eles está um residente permanente americano, o pastor John Sanqiang Cao, 60 anos, que está cumprindo sete anos por “organizar travessias ilegais de fronteira” para levar ajuda a Mianmar.
Os regulamentos do presidente chinês também proíbem que menores de idade entrem nas igrejas e proíbam escolas dominicais e acampamentos bíblicos. Nas igrejas, os símbolos cristãos às vezes são substituídos por retratos de Xi Jinping. As igrejas sobreviventes podem ter de substituir os ensinamentos bíblicos por valores socialistas.
O Pentágono estima que até três milhões de muçulmanos uigures tenham sido detidos na província de Xinjiang, mas Pequim não pode fazer o mesmo com 100 milhões de cristãos. Porém, a tecnologia ainda permite a repressão em massa.
A polícia encomendou câmeras de reconhecimento facial instaladas dentro de Zion, uma megaigreja protestante não oficial em Pequim, levando o pastor a fechá-la.
Se a história é qualquer medida, a repressão pode, em última análise, fortalecer a fé dos crentes. O pastor Wang Yi e sua esposa foram presos em dezembro e aguardam julgamento por subversão.
Em uma carta de despedida, ele encorajou todos os crentes: “Nessa guerra, em Xinjiang, em Xangai, em Pequim, em Chengdu, os governantes escolheram um inimigo que nunca pode ser aprisionado - a alma do homem. Portanto, eles estão condenados a perder essa guerra”.
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