“... portanto, ele é primeiro em tudo” (Colossenses 1.18, NVT).
A campainha da porta soou com insistência. Minha esposa abriu e ficou surpresa com nossa neta Daniela, de oito anos de idade, que falou muito excitada: “Imagine, vovó, eu tirei nota 10 em alemão. Foi o melhor trabalho da turma. A professora até leu a minha redação para toda a sala”.
Cada pessoa se alegra quando seu esforço é premiado com reconhecimento. No entanto, nos abala terrivelmente quando houve um esforço sincero e o sucesso fica empacado feito um burro teimoso. Eu penso que os cristãos deveriam verificar se nossos esforços, ambições, desgastes e correrias realmente valem a pena, tendo em vista a eternidade. Pode acontecer facilmente que nos descuidamos da nossa verdadeira vida porque as coisas terrenas são tão “valiosas” para nós que não notamos que fomos atrelados à carroça errada.
Quais são as prioridades para um cristão?
Quando eu era um cristão ainda jovem, eu ficava de joelhos durante horas, clamando ao Senhor Jesus para que ele me mostrasse o caminho para uma vida frutífera. Eu sentia que havia alguém diante do meu coração que reivindicava total direito sobre a minha vida. Eu sabia que se eu realmente quisesse viver feliz e sob a bênção dele, valeria uma única condição imposta pelo Senhor: “Permita que, em tudo, eu ocupe o primeiro lugar em sua vida!”.
As muitas questões em nossa vida serão respondidas corretamente se nós, filhos de Deus, estivermos conscientes com quem estamos lidando. Ali está o Senhor crucificado e ressurreto diante de nós, e pergunta: “Posso ser o primeiro em todas as coisas da sua vida? Posso ser isso?”.
É de tirar o fôlego: ele, a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação, no qual foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis – tudo foi criado por ele e para ele. E ele é antes de tudo e tudo subsiste por meio dele. Ele é a cabeça do corpo, da igreja. Ele é o princípio, o primogênito entre os mortos. Ele é o primeiro em tudo.
O mundo aspira por independência, autoafirmação, autopromoção. Não há limites para a busca de valorização. O que, porém, acontece com os cristãos? Nós de fato preparamos o primeiro lugar para o Senhor em todas as coisas? Ele é o primeiro em todo lugar? Ele pode assumir a direção em tudo?
Há uma guerra em andamento entre a luz e as trevas. Em nossos dias os bandos de Satanás procuram, com toda a violência, contestar o lugar de honra dado ao Senhor Jesus. A igreja de Laodiceia (ver Apocalipse 3.14-22) era de fato uma igreja totalmente organizada, exitosa, consciente e independente. No entanto, o Primeiro – o seu Senhor – estava lá fora, diante da porta.
Onde ele se encontra em nossa vida? Como acontece a nossa vida diária? Ficamos sobrecarregados com milhares de preocupações. Agimos como se nós mesmos tivéssemos que solucionar todos os problemas. Martirizamos nossa alma ao invés de permitir que o Primeiro em tudo assuma “a lança da nossa miserável carroça”. Seria muito mais simples entregar a ele os nossos pacotes de preocupações. Confiar no direcionamento dele. Ah, como seria bom se não ficássemos constantemente atrapalhando a obra de nosso Senhor Jesus! Nós, os espertos. Teimosos. Autossustentados. Lastimáveis. Quanto orgulho há escondido em nosso coração!
Afinal, ainda sabemos com quem estamos lidando quando falamos da glória de nosso Senhor Jesus e de sua salvação? Até parece que temos medo em dar a ele a primazia em todas as coisas. Como se tivéssemos medo das consequências. No entanto, nossa vida é conduzida ao alto nível determinado por Deus somente se o coroarmos como o primeiro em nossa vida. É unicamente nisso que está a fonte da alegria e da felicidade. Pois “aquele que se une ao Senhor é um espírito com ele” (1Coríntios 6.17).
Essa paz interior, esse abrigo total em seu Deus, foi sentida também por Davi, no deserto de Judá. Que gloriosas experiências são transmitidas no Salmo 63! Ele deu a preferência ao seu Senhor. Permitiu que ele assumisse a direção da sua vida. Entregou a ele tudo o que importunava o seu coração. E como Deus abençoou o seu servo Davi!
Nosso medo é que a entrega total nos traga somente desvantagens. Essa mentira, porém, é originada no estojo de venenos do Diabo. Ele quer nos convencer de que os fiéis seguidores de Jesus sofrerão com toda a amargura e acidez da vida. Na verdade, é o contrário que acontece. Se ele for o primeiro em todas as questões da vida, teríamos um panorama totalmente diferente na igreja, no casamento, na família, bem como em nossos negócios do dia a dia.
Sim, é verdade: um cristão pela metade é um insensato por inteiro. Por isso, entregue-se confiadamente ao Senhor Jesus. Se ele for o primeiro em tudo, então ser discípulo não é um tormento, mas um privilégio. Se ele for o primeiro em tudo, então ele já estará lá antes de você chegar. Então ele já tomou as providências necessárias – como naquela ocasião com os discípulos junto ao mar da Galileia, quando eles recolhiam exaustos as suas redes. Ele já havia preparado a mesa para eles e os convidou: “Venham comer” (João 21.12).
Que Senhor maravilhoso, que conhece todas as suas necessidades e que também reservou um lugar para você em sua mesa! — Manfred Paul
Manfred Paul é autor de muitos livros, folhetos e brochuras que foram distribuídos em mais de 30 países, encorajando milhões de pessoas. Casado há mais de 50 anos, tem 3 filhos e 10 netos. Foi Diretor e encarregado das missões da organização internacional Janz Team (agora TeachBeyond), em Lörrach, Alemanha. Por 24 anos foi evangelista e líder espiritual da missão Werner Heukelbach, onde pregou na Alemanha e no exterior. Também participou de transmissões de rádio em diversos países, como Alemanha, Rússia e Equador. Aos 76 anos, ele não pensa na bem merecida aposentadoria. Toda a sua vida está a serviço do Senhor Jesus Cristo.