Talvez para você essa declaração nem seja muito significativa. “O meu viver é Cristo. Cristo é minha vida” – claro que é. Se não fosse Ele, quem seria? Mas pare um pouco e pense. Não seja tão rápido em concordar comigo.
Paulo escreveu a carta que contém essa afirmação à igreja de Filipos: “para mim, o viver é Cristo” (Fp 1.21). Quando a lemos, percebemos que é um texto cheio de alegria, onde Jesus é engrandecido e glorificado. Resumindo, é um livro cheio de encorajamento para os crentes da igreja em Filipos. Por isso ficamos tão surpresos quando descobrimos que Paulo era prisioneiro quando a escreveu. É completamente extraordinário e surpreendente que ele escreveu um texto tão encorajador, cheio de tanto louvor a Deus, naquela situação. O normal seria esperar justamente o oposto da parte de um prisioneiro: Paulo precisando urgentemente de encorajamento e alento. Mas era ele quem animava os cristãos de Filipos. Em Filipenses 1.12-14 podemos ler como ele até tirava proveito de sua prisão para espalhar o Evangelho: “Quero ainda, irmãos, cientificar-vos de que as coisas que me aconteceram têm, antes, contribuído para o progresso do evangelho; de maneira que as minhas cadeias, em Cristo, se tornaram conhecidas de toda a guarda pretoriana e de todos os demais; e a maioria dos irmãos, estimulados no Senhor por minhas algemas, ousam falar com mais desassombro a palavra de Deus”.
Você consegue exclamar com a mesma paixão de Paulo: “para mim, o viver é Cristo!”?
Essa é uma prova bem evidente de que, na prisão, Paulo não amaldiçoava seu destino nem estava desesperado por estar ali. Mesmo naquelas circunstâncias, ele tinha só um alvo em mente, que era falar aos outros do amor de Jesus. Pela carta ficamos sabendo que ele era cheio do Espírito Santo e, por isso, tinha condições de dizer conscientemente: “para mim, o viver é Cristo”. Essa não era uma frase vazia, que vinha fácil aos seus lábios. Basta relembrar um pouco do ministério de Paulo, de tudo o que ele desejava alcançar no campo missionário, das viagens que planejava fazer, dos lugares que ainda queria visitar para pregar o Evangelho – e agora, de repente, no meio de intensa atividade para Deus, todos os seus planos foram frustrados e ele encontrava-se confinado entre as paredes de uma prisão. Apesar disso, ele ainda tinha a convicção de que “Cristo é minha vida”.
Cristo é sua vida também? Para você, o viver é somente Cristo? Quem condiciona e dirige sua vida? Você consegue exclamar com a mesma paixão de Paulo: “para mim, o viver é Cristo!”?
Não seria o dinheiro o que desempenha o papel central na nossa vida tão agradável? Ou, se não for o dinheiro, talvez seja nossa aparência, nossa fama ou aquilo que os outros pensam de nós? Será que o mais importante é ver os outros falando bem de nós e nos saudando com deferência? “Olhem para mim! Eu sou tão legal! Vejam como me oferecem o melhor lugar!” Ou será que a essência da nossa vida é nos divertir até não poder mais? O lazer está no topo da nossa lista de prioridades?
Em Lucas 12.34 está escrito: “Onde está o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração”. Onde está o seu tesouro? Onde está seu coração? No banco, junto da conta número 4875? Ou no mundo, com as celebridades e os famosos? No campo de futebol? Na televisão? Na internet?
Nosso tesouro está nos céus – pelo menos é ali que ele deveria estar – e por isso nosso coração deveria ser direcionado para as coisas celestiais e não para as terrenas. Amar a Jesus, segui-lO e obedecê-lO deveria condicionar nossa vida, não outra coisa qualquer.
Cada um examine a si mesmo! Dizer na teoria: “para mim, o viver é Cristo” , é fácil e não representa nenhum problema para nós, cristãos; mas se nos examinarmos pensando no que isso realmente quer dizer, ficaremos vermelhos de vergonha. Eu fico! Por quê? Porque sei que nem sempre o meu viver é exclusivamente Cristo. E você? Essa confissão também está longe de ser realidade no seu viver? São palavras bonitas mas representam apenas uma declaração banal, sem qualquer vínculo com sua vida real? Na vida de Paulo isso não era apenas uma declaração da boca para fora. Ele vivia o que dizia. E só tinha um alvo em mente: falar do amor de Jesus, independentemente do lugar, da hora e das circunstâncias! Eu desejo muito que essa também seja nossa experiência real!
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