Desde o começo da semana, tudo o que se ouve e se discute é o corte de cabelo do goleiro Jeferson do Botafogo, isto mesmo, o corte de cabelo; embora seja ainda uma cogitação de disciplina pelo órgão responsável do futebol no Rio de Janeiro e até a FIFA, queremos deixar claro nossa opinião sobre o assunto.
Tentam fazer a cabeça do povo de todas as formas, basta uma pequena oportunidade e colocam diante da grande massa um belo prato de discussões, desta vez o cabelo do goleiro Jeferson. Mesmo sendo um pequeno detalhe que gerou um grande barulho, não podem colocar na cabeça dos apaixonados por futebol, simpatizantes, jogadores e profissionais do esporte, regras ou limites inexistentes;
Não existe limite para o corte de cabelo, de quem quer que seja, não existe limite para a marca do carro que alguém deseja comprar, não existe limite para o shopping que aquele ou aquela deseja frequentar, existe limite sim, para tudo aquilo que a prática do futebol exige, fora isto, ninguém pode limitar o tipo de corte de cabelo, tampouco a cabeça daquilo o que se deve pensar.
O cabelo é do Jeferson, a cabeça também!
Tentar colocar na cabeça do povo que o que ele fez é errado, injusto, crime, aí é demais.
Se tivesse infringido a lei do clube, o posicionamento frente aos patrocinadores, os colegas de trabalho (jogadores de futebol), torcida, etc, tudo bem! Mas não o fez. Estão burocratizando o futebol de uma maneira que não lhe convém.
Se for por este caminho, terão que limitar corte e cores de cabelo de outros jogadores por considerarem alusivos a determinadas raças humanas, terão que abolir sinais reproduzidos por jogadores ao marcarem gols, sinais como de arma de fogo, por exemplo, sem contar com a estampa de camisa de time de futebol que já até colocaram a imagem de um “santo”, terão que fiscalizar vidas sociais de jogadores que por muitas vezes deixam maus exemplos devido a importante influência que exercem na sociedade, se fosse assim… teriam que mudar muita coisa.
O Jeferson cortou o cabelo, só! Não ganhou nenhum centavo pra isto, não assinou contrato para tal, não foi obrigado, apenas um corte de cabelo que, por sua vez inclui um símbolo – sem nome, letra, propaganda ou qualquer outra alusão à igreja. Muita gente não sabe ao que se refere o “Peixe”, mas, com a ajuda da polêmica levantada agora muita gente sabe.
E que mal tem isto? Manifestação religiosa?
Se qualquer confederação e federação proibirem de fato manifestações religiosas, pode assim estar cometendo um ato de desrespeito e abuso, caso isto configure uma tentativa de cercear direitos elementares do ser humano, neste caso a liberdade de escolha e prática religiosa.
Concordamos que os patrocinadores das equipes esportivas precisam ser protegidos, e que muitas vezes durante a comemoração de um gol ou um ponto, os nomes e marcas daqueles que mantém as finanças dos clubes em dia são simplesmente ignorados.
Entretanto, como uma Associação cristã, nós de Atletas de Cristo, entendemos que proibir as manifestações religiosas nos campos, ginásios e pistas é um excesso, seja esta proibição feita por um clube, federação ou confederação.
Se esta proibição da manifestação religiosa incluir testemunhos, comentários e expressões verbais dos jogadores, mesmo quando não perguntados sobre o assunto, comete-se aqui um ato de desrespeito ao ferir a Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada e proclamada pela resolução 217 A (III) da Assembleia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948. No seu artigo XVIII a Declaração diz que “toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular.”
Assim, não se pode proibir a livre, ampla e incondicional expressão da fé religiosa por parte de desportistas ou qualquer outro cidadão.
“Para continuar cumprindo nossa missão como cristãos, que é anunciar as virtudes daquele que nos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1 Pe 2.9), tarefa esta mais importante e jubilosa que qualquer carreira esportiva, por mais vitoriosa que seja, nossa orientação não somente para os atletas e técnicos cristãos, mas a todo crente inconformado diante de uma sociedade cada vez mais secularizada e agnóstica, é que sigamos as recomendações do Apóstolo Paulo aos Colossenses no capítulo quatro, versículos cinco e seis, e vivamos uma vida tão bonita e irrepreensível diante da nossa sociedade, usando sempre palavras saborosas e salgadas que possam causar nas pessoas que nos cercam uma tremenda sede de Jesus. Lembramos aqui das sábias palavras de Francisco de Assis, que nos exorta em situações como esta a pregarmos o evangelho em toda ocasião, e quando necessário usarmos palavras.
Em penúltimo lugar o cabelo, depois a cabeça! Aí não dá.
Ricardo Ximenes
Atletas de Cristo